É facto incontestável que a independência de Cabo Verde se consegue como resultado da estratégia de luta concebida e executada sob a orientação de Amílcar Cabral. Os anseios de dignidade, justiça e liberdade suscitados pela consciência da opressão colonial inspiram-lhe a procura de vias para pôr um termo aos “sofrimentos de um povo que sofre para viver e vive para sofrer resignadamente”. A desmontagem crítica dos pressupostos que servem de esteio ideológico ao discurso colonial facultam-lhe a arma da teoria e o impelem à acção.
Cabral lembra, contudo, que a luta de libertação nacional é a continuação histórica da resistência do povo cabo-verdiano à dominação colonial (…)
A história da colónia de Cabo Verde é a história da luta do povo cabo-verdiano: primeiramente a resistência dos escravos, nossos antepassados; a luta contra a escravatura e as suas sequelas; a luta permanente contra a miséria o abandono e as consequências das crises cíclicas que assolam as ilhas e provocam a morte pela fome de dezenas de milhares de pessoas perante a indiferença criminosa das autoridades coloniais; a luta pela afirmação e reconhecimento da sua própria identidade como povo; a luta contra o racismo e as suas manifestações nefastas; enfim, uma luta pela dignidade, liberdade e progresso, como qualquer outro povo do mundo, pelo direito a ser senhor do seu destino (…)
A luta dirigida por Amílcar Cabral surge, assim na esteira das lutas anteriores, mas numa conjuntura internacional favorável à autodeterminação e independência dos povos coloniais.
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