O Homem

“Não será já, mas é para amanhã que eu quero ter filho. Estou na casa dos vinte, e nada me garante que poderei subir a ladeira ascendente da vida, dobrar a colina, descer a prumo e pender da outra banda – que é a velhice – e depois de ter vivido, entrar, atravessando o fio do nada que separa o ser do não ser, na planície desconhecida que é a Morte. (…).
Mas com meu filho não será o mesmo. Ele há-de viver a vida por que anseio, hão-de ser para ele realidade as minhas esperanças de hoje.(…).
Nesse futuro e próximo mundo de que o meu filho fará parte, ele ou ela, talvez venha a escrever: A VIDA. Por toda a parte a Vida. Por toda a parte a felicidade e a Vida”.
(AC, Cabo Verde- Reflexões e Mensagens, p.29-30; Outubro de 1944)