Cabral Humanista

“o humanismo é uma atitude ética, um conjunto de procedimentos visando a defesa, o respeito e a valorização do ser humano…”.

Amílcar Cabral, vivendo num contexto de dominação colonial e de ditadura, conhecendo e vivendo situações de fome, de exploração, de cerceamento de liberdades, de negação de direitos humanos fundamentais, de espezinhamento da dignidade do seu povo, não podia ficar indiferente diante de toda esta situação. Com efeito, como ficou exposto no Prólogo do Estudo “O Legado de Cabral na Memória do Tempo” (1) da obra, Cabral,

“Dotado de um profundo sentimento de humanismo, cedo se deu conta da opressão colonial-fascista exercida sobre o seu povo, na Guiné e em Cabo Verde”.

Diante desta deplorável situação, era um imperativo agir. A via escolhida foi a do humanismo: um humanismo que tenha em conta o respeito pelo outro, particularmente no que respeita à liberdade, à dignidade humana, a autodeterminação e ao desenvolvimento integral e integrado. O capítulo Cabral humanista, na Primeira Parte da obra, dá conta dos trilhos que o humanismo de Cabral percorreu, quer como aluno de liceu, quer como estudante universitário, quer como profissional de agronomia, quer ainda como soldado da paz, durante a luta de libertação nacional empreendida.

Os escritos de Cabral referidos na Introdução da já referida obra, mas também as várias vozes que constam do capítulo “O Legado de Cabral na Palavra dos Outros”, testemunham esse humanismo de que vimos falando. Tendo já dado suficiente destaque a esses testemunhos no capítulo alusivo, neste resumo vamos deixar apenas três de entre os testemunhos veiculados: o do atual Secretário-Geral das Nações Unidas, Eng. António Guterres; o do ex-Diretor-Geral da UNESCO, Amadou Mahtar Mbow; e o do Presidente da Fundação Amílcar Cabral, Comandante Pedro Pires.

Para o atual Secretário-Geral das Nações Unidas, Amílcar Cabral: “Considerou-se a si próprio um ‘soldado da ONU’. Fê-lo, creio, por entender haver uma convergência de pontos de vista e de ideais entre a sua luta e a razão de ser central das Nações Unidas…“ (IAC: 17 e 18). Quanto ao ex-Diretor-Geral da UNESCO, Senhor Mahtar Mbow:

“A ideia central de Amílcar Cabral, segundo a qual é preciso ‘pensar com as nossas próprias cabeças’, … esteve subjacente a todas as (suas) concepções…. Porque pensar com as nossas próprias cabeças é assumir, com conhecimento de causa, a plenitude das nossas responsabilidades…” (CCE:73-74).

Para o Presidente da Fundação Amílcar Cabral, Comandante Pedro Pires,

“A obra de Cabral é a resultante da concentração num só homem de um conjunto invulgar de aptidões e dotes individuais, de entre as quais avultava uma extraordinária percepção da realidade social e uma opção sempre coerente em prol das causas justas…” (CC:693).

Continuando, Pedro Pires reafirma:

“Amílcar Cabral… Postulou, antes de tudo, a recuperação da dignidade, do orgulho do homem africano no quadro de uma libertação plena, com responsabilidade individual e colectiva, emprestando-lhe, por isso, uma forte carga moral” (CCE:39).

  1. – “O Legado de Cabral na Memória do Tempo”- estudo produzido por Dr. Manuel Veiga; Dr. Carlos Reis; Dr. Juliao Soreas Sousa; Eng. Arlindo Fortes – Prais, Janeiro 2001

Rua Dr. Júlio Abreu, nº5 – Plateau, Praia, Cabo Verde

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