foi lançado pela Fundação Amílcar Cabral com a publicação deste livro.
Mas, que futuro era esse? Para responder a esta questão transcrevo as palavras do jovem Cabral que, em 1944, aos 20 anos em plena segunda guerra mundial já sabia o que queria para o futuro de seu filho/a:
“Hoje e Amanhã desde que entrei na casa dos vinte, uma ideia teimosa tem ocupado o meu cérebro, chocando-se de encontro a outras ideias, outras preocupações …. e tem conseguido vencer, subsistir porque é, no fundo, filha das preocupações que tanto me afligem, como afligem todo o homem que deseja viver e sente que não vive, neste mundo de ódios, de injustiças e de misérias. Sim, ela é filha disso, esta minha ideia que, comunicada aos outros, causa o riso: ter um filho… Mas o que não sabem é que o meu filho, o ser que há-de ser a continuação do meu…, não será dos dias de hoje, nas para os dias de amanhã. Há na Terra um só povo a que pertencem todas as Nações. Não será já, mas é amanhã!
E é para amanhã que eu quero ter um filho. Estou na casa dos vinte, e nada me garante que poderei subir a lad ra ascendente da vida, dobrar a colina, descer a prumo e pender da outra banda – que é a velhice …. Assim, não sei se não serei um dos que ficarão pelo caminho…
Mas com o meu filho não será o mesmo. Ele há-de viver a vida por que anseio, hão-de ser para ele realidades as minhas esperanças de hoje. … Ele há-de ser aquilo que desejar ser, desde que, sendo-o, concorra para a felicidade de todos. O filho que hei-de ter viverá num mundo diferente, esse mundo que milhões de homens trazem dentro deles, construído dos seus anseios e das suas esperanças
Mas o filho que hei-de ter – o pedaço de mim mesmo que eu deixarei à Humanidade, a obra que de mim exige a continuação da espécie – Nesse futuro e próximo mundo de que o meu filho fará parte, ele ou ela, talvez venha a escrever: A Vida. Por toda a parte a Vida. Por toda a parte a felicidade e a Vida.” A ti, caro jovem leitor, desejo que encontres inspiração nas simples e belas ideias do jovem Cabral, aos 20 anos!
Do meu lado, espero não ter desiludido muito o meu pai!
Iva Cabral
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